terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sobre a diminuição do número de estudantes de Direito no Brasil.


''A quantidade de estudantes do curso de Direito no Brasil aumenta de forma impressionante, juntamente com o número de faculdades que oferecem o curso''.
De quando em quando nos deparamos com essa notícia nos jornais brasileiros. Entretanto, estou aqui para contestar essa afirmação precipitada.
Sim, o número de alunos matriculados no curso de Direito aumenta de forma impressionante. Porém, isso não implica dizer que o número de estudantes tenha adquirido aumento igual.
Eu, como estudante de Direito, vejo constantemente as pretensões- mesmo que falsas - dos alunos que ingressam na vida acadêmica jurídica. Em todos os primeiros semestres do curso de Direito eles, independente da faculdade, se vêem confrontados pela seguinte pergunta:
''Por que você faz Direito?''
A resposta a este questionamento é fruto do pensamento cultural que permanece em nossa sociedade há anos devido ao grande poderio estatal exercido em nosso território graças, em boa parte, à nossa cultura lusitana .
Seja pela preservação do título de ''fidalgos'', seja pela intenção de obtê-lo, a verdade é que muitos alunos atualmente só estão frequentando a faculdade de Direito com interesse, não pela ciência jurídica, mas sim, pela vida economicamente boa e confortável que o curso pode vir proporcionar.
Muitos desses alunos até vêm a se tornar estudantes de fato. Concentram horas, dias, meses e anos de suas vidas de estudo diário. Passam em concursos públicos e se tornam operadores do Direito. A partir daí, suas vidas mudam. O título de ''doutor'' se transforma em seus respectivos primeiros nomes. ''Joana Pontes de Andrade Coelho Assunção'' se torna ''Doutora Joana Pontes de Andrade Coelho Assunção''. E 'ai' de quem esquecer do primeiro nome!
As suas vidas baseiam-se na pseudo-pathos ao curso de Direito. De tal forma que não dedicam seus esforços e conquistas na busca pela melhoria da sociedade.
Há grandes exemplos de profissionais que amam o que fazem, de alunos que amam o estudo do Direito e até mesmo de pessoas não-bacharelandas, simples cidadãos, que se interessam pela vida da sociedade em que vivem. Todavia, estes estão cada vez mais escassos no meio de tantos bacharéis formados anualmente e de cidadãos descrentes.
Portanto, pretendo, com esse artigo, chamar a atenção de meus colegas a este fato e fazê-los repensarem suas escolhas a fim de que deste modo possam garantir uma vida melhor não só para eles mesmos como para a sociedade.